Título: A Vila dos Pecados
Autora: Soraya Abuchaim
Editora: Coerência
Nota: 5🌟+💗
Sinopse:
Quando o padre Alfonso Anes, um exemplo vivo de amor e resignação, chega à vila para substituir o seu antecessor, depara-se com segredos que o farão duvidar da própria sanidade, e uma onda de mortes trará o caos para aquele lugar ermo.
Quem estará a salvo? Serão estes segredos o fim de quem os esconde? O que esse universo tenebroso revelará para o mundo?
Um suspense sinistro, que envolverá completamente o leitor e o levará a compartilhar dos segredos da Vila dos Pecados.
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Gente, eu ainda estou embasbacada com esse livro. Juro para
vocês!
Logo de cara já temos revelações bombásticas e que nos deixam
cientes de que tudo pode acontecer em Ponta Poente. Bento, que era o padre da
vila, pressente que são seus últimos instantes já que está com um mal-estar
enorme. Ele vê todos os erros da sua vida passando diante dos seus olhos,
aqueles do qual se arrepende e outros que não. Embora fosse padre e tinha por
dever promover o bem-estar e harmonia da população levando as pessoas para o
caminho do bem, isso nunca aconteceu, tudo porque Bento não só sabia de todos
os males que assolava aquela vila como contribuía para que os mesmos
acontecessem.
Depois de sua morte, a maior preocupação da vila é: quem
será o novo padre?
Distante dali, Alfonso, um padre recém-formado, é acusado
injustamente pelo roubo de uma medalha de um colega. Como punição, Alfonso é mandado
para Ponta Poente tendo como missão ser o novo padre. Insatisfeito com isso,
mas nem por isso reclamando, o jovem segue para seu destino temendo o que possa
ver por lá. Assim que chega, Alfonso já percebe que algo não está certo, as
pessoas são estranhas, algumas demasiado falsas e todas estão com expectativa a
mil, embora ele não saiba exatamente porque. Em sua cabeça – e como bom cristão
– o padre imaginava que aquilo seria ansiedade para saber se ele era uma boa
escolha para a vila ou não, porém ele descobriria em breve que a maioria das
pessoas esperavam que ele fosse tão errado como o padre anterior. Nesse contexto
conhecemos os personagens que farão a trama toda se desenvolver: Dr. Pina, o
prefeito; Gustavo, o ajudante do padre; Mirtes, a primeira-dama; Marta, mãe de
Gustavo; Teresa, a prostituta; Carlos, dono da taberna; Gertrudes, a falsa
beata. Esses são os mais importantes, mas tem muitos outros que vão aparecendo
ao longo do livro. Quando Padre Alfonso faz seu primeiro sermão, fica claro a
todos que ele quer mudar as coisas por ali e isso vai trazer muitos problemas
para ele. Embora haja pessoas que concordem com o padre, a maioria é
extremamente contra. Com todos esses problemas na vila, o mal rondando aquilo
tudo, um aviso de que aquele lugar é amaldiçoado e um assassino a solta, Alfonso
se vê perdido nesse lugar sujo, cheio de hipócritas e tenta se manter firme no propósito
que o Senhor lhe deu: trazer paz àquele lugar de ruínas.
Eu sei que parece ter uma porrada de spoilers nessa
resenha, mas vocês não imaginam o quanto a autora soube encher esse livro de conteúdo,
de conteúdo importante para o livro. Eu nunca tinha lido nada da Soraya, então
não sabia o que esperar de sua escrita. Ao fim do livro só consegui pensar em
uma palavra para definir o enredo: surpreendente. Não existe nada mais satisfatório
que quando um autor sabe trazer todos os elementos necessários para uma boa
trama (protagonistas bem desenvolvidos, antagonistas, cenário, trama bem
definida, clímax, etc) e ainda traz coisas a mais, como os debates ideológicos,
os questionamentos constantes, um suspense bem desenvolvido e sentimentos bem
descritos, tudo de uma forma tão bem-feita e amarradinha que não parece um
livro de ficção, mas sim relatos de algum acontecimento real.
Num enredo tão bem produzido, acaba que o suspense – pelo menos
para mim – não é o grande foco da obra, mas sim a verdadeira natureza do ser
humano. Isso porque vemos explicitamente no livro os pecados em suas mais
diversas formas, presentes em todos os personagens e a reação dos outros – e da
gente – acerca disso. Eu digo isso porque tem coisas descritas ali que são tão
comuns no nosso dia a dia que até esquecemos que é errado e acabamos
considerando como pequenos ou normais. A forma como escondemos nossa verdadeira
identidade, como julgamos o outro, como colocamos esperanças em coisas que nós
nem mesmo acreditamos. Quem somos nós quando nos trancamos na nossa casa? Quem somos
nós quando ninguém está olhando? Somos os mesmos das rodas sociais? Ao fim de
Vila dos Pecados, depois de muitas e muitas reflexões, a conclusão à qual chegamos
é: somos todos pecadores e lidamos com demônios diariamente. Mas como lidamos
com o pecado? Deixo isso no ar para vocês refletirem.
O livro é narrado em terceira pessoa, sendo possível conhecer
todos os pontos de vista importantes na trama. Os personagens são bem
fundamentados, o cenário é perfeito e vívido, o suspense faz a leitura correr rápido
e fluida e os questionamentos fazem-nos mergulhar de cabeça na leitura.
Se você ainda não leu esse livro, por favor, leia-o. É uma
dica de amiga leitora.
Vocês já leram? O que acharam?
Conta aí nos coments!
XoXo
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